ANTÔNIO EUGÊNIO
BESÊRRA, nascido em
Princesa em 25 de maio de 1932, era filho de Joaquim Eugênio Bezerra e de dona
Maria Philomena de Andrade. Solteiro, tinha como irmãos: Paulo; Vital e Maria
da Conceição (mais conhecida como “Cunca”). Do primeiro casamento de seu pai,
tinha vários irmãos, um deles, o competente fotógrafo “Dão Eugênio”. Antônio
Eugênio foi criado em Princesa onde sempre morou juntamente com sua mãe e sua
irmã “Cunca”. fez o curso primário no então Grupo Escolar “Gama e Melo”;
continuou seus estudos no então Ginásio “Nossa Senhora do Bom Conselho” ,
fazendo o curso médio - optando pela formação Clássica -, nessa mesma escola.
Findo os estudos possibilitados em Princesa, Antônio matriculou-se na Escola de
Dactilografia de dona Juanita Cardoso onde se apresentou como aluno exemplar,
sendo reconhecido – ao término do curso -, como um exímio datilógrafo. Animado pela
capacidade desenvolvida nesse ofício, fundou, ainda em 1960, a Escola de
Datilografia “25 de Maio”. Nessa empreitada, obteve êxito total, pois, com a
crescente necessidade de pessoas habilitadas na arte de datilografar (bater
máquina), quando o desenvolvimento do Brasil “juscelinista” aportava também nas
terras princesenses e aqui, além de serem instaladas várias novas repartições,
as que já existiam viam-se obrigadas à adoção do uso da revolucionária máquina
de escrever. Com isso, sua escola – única na região -, passou a formar jovens
interessados em serem admitidos em empregos públicos. Vinham de todas as
cidades polarizadas por Princesa e, as formaturas das turmas de alunos
aconteciam com grande pompa, o que incluía Missa Solene, patronos, paraninfos,
padrinhos, entregas de diplomas e baile. Não se contentando apenas com a Escola
de Datilografia, Antônio instalou também (no prédio onde funcionava sua
escola), um Teatro que contava com pequeno palco e auditório onde eram encenadas
peças teatrais; apresentados jograis, acompanhados de cantos orfeônicos;
atrações circenses adaptadas; dentre outras atividades culturais. Os cenários
do Teatro (fartos de cortinas e enfeites) eram criados pelo próprio que também
dirigia as peças teatrais. Isso trouxe grande contribuição para o
desenvolvimento da cultura princesense nas décadas de 60 e 70. Além das
atividades como professor e teatrólogo, Eugênio era também, calígrafo, alfaiate
e modista. Na qualidade de especialista em caligrafia, desenhava todo tipo de
letras, com destaque para as “góticas” que são de dificílima execução, tendo
sido ele o último princesense detentor da capacidade de fazê-las. Como alfaiate
(profissão comum antes do advento da comercialização das chamadas “roupas
feitas” ou “confecções”), apesar de míope, era Eugênio um ás do desenho e da
tesoura; era especial, pois, enquanto existiam, em Princesa, vários alfaiates:
Arlindo Silva; Edeildo Veras; Inácio Dias; Walter Barreto, dentre outros, para
confeccionarem roupas para pessoas do sexo masculino e, modistas (mulheres)
para desenharem e costurarem roupas para as mulheres, Antônio Eugênio realizava
as duas coisas: além de desenhar os modelos, os confeccionava para ambos os
sexos. Além de costurar roupas normais e comuns, elaborava e confeccionava
fantasias para bailes de carnaval, máscaras para os “caretas” que desfilavam
pelas ruas de Princesa na festa de “Momo” e alegorias para os desfiles do dia
“7 de Setembro” e outras datas comemorativas. Frequentava a Igreja Católica e
colaborava também na organização e nos ornamentos das festas tradicionais. De
temperamento tímido, mesmo assim era bem humorado e piadista sutil. Reservado
pela sua condição de diferente, sempre foi muito respeitoso e respeitado por
todos. Como vemos, Antônio Eugênio Besêrra (assim mesmo com “s” acentuado por
erro do Cartório), em que pese ter prestado grande contributo para a educação,
a cultura em geral e o folclore de Princesa, nunca recebeu sequer uma menção de
reconhecimento pelo muito que fez por sua Terra. É tanto que, para a elaboração
e divulgação deste pequeno Perfil Biográfico, careceu este que escreve de uma
fotografia do homenageado e, até agora, em que pese garimpagem por vários
setores da cultura de Princesa, nada encontramos em termos de registro
fotográfico de Antônio Eugênio para ilustrar esta publicação. Solteiro e sem
filhos, após a perda da mãe, sua irmã mudou-se para a capital pernambucana
deixando-o morando sozinho. Acometido de um mal que lhe minou a saúde, veio a
falecer com problemas respiratórios graves, em 1994, na cidade do Recife e, lá
sepultado, ficou no esquecimento de seus conterrâneos, principalmente dos mais
jovens que, desvalidos de quaisquer referências biográficas àquele artista de
grande importância para a nossa história cultural, têm agora resgatada parte de
sua memória. Pelo muito que representou, acredito estar, Antônio Eugênio, à
merecer a homenagem de todos os filhos de Princesa.
(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO
Excelente registro! Vai muito além do que falam dele em outros blogs
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