Pio Giannotti, que mais tarde adotaria o nome de Frei Damião de Bozzano, nasceu no dia 05 de novembro de 1898, em Bozzano, província de Lucca, Itália. Ordenou-se sacerdote em Roma, em 05 de agosto de 1923, militando na Ordem Franciscana dos Capuchinhos. Em 1931, aos 32 anos de idade, chegou ao Brasil com a missão de evangelizar. Aqui, escolheu a região mais pobre do País, o Nordeste, para o exercício de seu ministério missionário. Logo se tornou popular pela sua humildade e dedicação aos pobres. Piedoso, frugal na alimentação e econômico também no dormir, Damião era exemplo em seu trabalho de peregrino missionário. Percorreu todo o Nordeste brasileiro e algumas cidades da região Norte. Suas pregações eram sempre pautadas por sermões conservadores. Abominava mulheres que usassem calças compridas, blusas sem mangas ou minissaias. Aos adúlteros e sodomitas ameaçava com o fogo do inferno. O frade cria piamente nas labaredas do inferno, no fogo reparador do purgatório e na glória do paraíso celeste. Em seus sermões, com forte sotaque italiano, muitas vezes não se fazia entender. Mesmo assim, deixava clara a sua posição contra tudo o que era moderno e recomendava fervorosa devoção à Virgem Maria.
Frei Damião e Princesa
Numa deferência inusitada, o frade capuchinho, durante os anos de 1967 até 1972, elegeu a cidade de Princesa como sua parada preferencial para a realização de suas missões. Nesses anos, frei Damião fazia suas missões na cidade, sempre no período natalino e de Ano Novo. Vinha para Princesa, religiosamente todos os anos, no período que compreendia os dias 20 de dezembro até 02 de janeiro. Aqui passava esses dias em eterna penitência. Acordava às quatro horas da manhã e saía em procissão pelas ruas da cidade, cantando, rezando e chamando os fiéis para as Santa Missa. Após a celebração eucarística, tomava o café da manhã e sentava-se num confessionário para receber e perdoar as culpas dos pecadores princesenses e de toda a região (para cá afluíam moradores de várias cidades do entorno de Princesa e dos Estados vizinhos). Ao meio-dia, saía para o almoço e logo retornava para o mesmo ministério. À noite, proferia pregações em frente à Igreja Matriz e depois, mais confissões. Era assim a rotina daquele a quem quase todos consideravam um santo.
O milagreiro
Nas frequentes caminhadas do padre “santo”, era necessária a interveniência de seguranças para resguardarem sua integridade física, pois, muitos fiéis andavam até com tesouras às mãos para cortar fios de seuscabelos ou pedaços de sua batina para fazerem chás milagrosos. A decisão do frade missionário em conceder esse privilégio a Princesa, foi motivada pelas obras da construção da nova Igreja Matriz, quando suas ações missionárias permitiam vastas contribuições dos fiéis para esse fim. A última estada de frei Damião em Princesa, foi por ocasião da inauguração da referida igreja, no Natal de 1972, quando o mesmo participou, ao lado de frei Anastácio, do prefeito Gonzaga Bento e do “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga que cantou, pela primeira vez, acompanhado de sua sanfona, o hino “Frei Damião”. O peregrino frade capuchinho, Frei Damião de Bozzano, faleceu em Recife, aos 98 anos de idade, em 31 de maio de 1997.
DSMR, EM 1º DE SETEMBRO DE 2020.
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