ODE

quinta-feira, 3 de junho de 2021

LUANA ARAÚJO, A BREVE



Ontem, a CPI da Pandemia ouviu o depoimento da médica infectologista e epidemiologista, doutora Luana Araújo. Talvez tenham sido as declarações mais sensatas já colhidas naquela Comissão Parlamentar de Inquérito. A médica, convocada pela CPI para dar explicações sobre a sua “desnomeação” para o cargo de Secretária Especial de Combate à Covid-19 (do Ministério da Saúde), não soube explicar o motivo de sua preterição, informando apenas que a notícia lhe foi dada com muito pesar, pelo ministro Marcelo Queiroga. O que depreendemos disso, é que seu nome foi vetado pelo presidente da República por questões ideológico-sanitárias. Ninguém mais o podia fazer, senão Bolsonaro. Defensora da Ciência, Luana é ferrenhamente contrária ao tratamento precoce da Covid-19. Motivo bastante para a quererem longe desse governo negacionista.

Poço de competência

Elogiada por quase todos os senadores que a inquiriram, Luana Araújo, dona de um currículo invejável e de uma verve perfeita, deu uma aula de conhecimento sobre o mal que assola o país. Diferente da médica e “cientista”, Nise Yamaguchi (depoente do dia anterior que se mostrou completamente despreparada para as funções a que se propõe), Luana Araújo deixou patente o fato de que, competência não combina com o governo do capitão. Triste com o veto de que foi vítima, a infectologista (única da equipe até então), informou que já estava engajada em ações sobre vacinação, testagem e pesquisas sobre a variante indiana do Coronavírus. Elogiou o ministro Queiroga, o que atesta que sua “desnomeação” foi decidida à revelia deste. Isso atesta também, fragilidade e falta de poder de decisão do titular da Pasta da Saúde que, sem autonomia e, apegadíssimo ao cargo, não manda em nada. Porque não pede também o boné e vai-se embora?

Colocações inteligentes

Em seu depoimento linheiro, tranquilo, verdadeiro e civilizado, ao lado do pai advogado, a doutora Luana parametrizou as mortes por Covid-19 no Brasil, com exemplos que são estarrecedores. Caracterizando os óbitos como uma verdadeira hecatombe, a epidemiologista disse que, se fôssemos parar para homenagear os mortos, com um minuto de silêncio para cada um deles, gastaríamos 320 dias para tanto e que, para que morresse tanta gente num desastre aéreo, seria necessário que 12 aviões lotados despencassem lá de cima, nesse mesmo período de tempo em que dura a Pandemia. Por fim, numa tirada inteligente, a preterida infectologista pontuou, sobre a polarização Pandemia/Política, com a máxima: “De que borda da terra plana a gente vai pular?”. Esses recados bem dados, foram suficientes para entendermos toda a situação que envolveu o defenestramento da competência em benefício do negacionismo.



 

 

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