HISTÓRIA DO BRASIL
Boris Fausto
Este livro didático,
elaborado por um dos maiores historiadores nacionais, contém 677 páginas e foi
editado pela EDUSP – Editora da Universidade de São Paulo – 2006. Destinada ao
ensino médio e universitário, esta obra, segundo o autor, “tem a esperança de
atingir também o público letrado em geral”. A importância dessa resenha
literária está no fato de que, apesar do caudal de páginas, é este livro um
relato sucinto sobre a História do Brasil. Em sua apresentação, Boris Fausto
informa que “(...) obedece [o livro] a um critério de relevância e implica o
abandono ou o tratamento superficial de muitos processos e episódios”. Informa
ainda, que deixa de lado temas de menor relevância. Daí, a importância da obra
para nós princesenses porque, nas páginas 276 e 277, no capítulo que trata da
Revolução de 1930, com o subtítulo “O Estopim da Revolução”, Boris Fausto o
dedica quase todo à Rebelião de Princesa, quando anota:
“A luta de grupos na Paraíba vinha de
muito tempo. Eleito governador do Estado, João Pessoa tentou realizar uma
administração modernizante, submetendo a seu comando os ‘coronéis’ do interior.
Uma de suas preocupações consistiu em canalizar as transações comerciais pelos
portos da capital e de Cabedelo, com dois objetivos: garantir o recebimento dos
impostos devidos e diminuir a dependência comercial e financeira em relação ao
Recife. Suas iniciativas se chocaram com os interesses dos produtores do
interior – sobretudo de algodão -, os quais negociavam por terra com o Recife e
escapavam facilmente à tributação. A divergência de interesses e os ódios
pessoais acumulados resultaram na revolta de Princesa – uma cidade do Sudoeste
da Paraíba, quase no limite de Pernambuco – sob o comando do ‘coronel’ José
Pereira (março de 1930). A família Dantas, amiga do ‘coronel’, colocou-se a seu
lado. Em meio a violências recíprocas, a polícia invadiu o escritório de
advocacia de João Dantas na capital do Estado e retirou de um cofre alguns
papéis. Entre eles, existiam cartas de amor trocadas entre Dantas e uma jovem
professora primária, Anaíde Beiriz. Ambos eram solteiros. O jornal governista A União completou a obra, atribuindo a
Dantas a narrativa de atos amorais, em documentos que a decência impedia de
publicar, mas que se encontravam na polícia para quem quisesse lê-los. Anaíde
caiu em desgraça e, abandonada pela família, fugiu para o Recife. Dantas ‘lavou
a honra’ assassinando João Pessoa. Preso após a Revolução de 1930, João Dantas
foi assassinado na prisão e Anaíde Beiriz acabou se suicidando”.
Em leitura completa do
livro, observamos que pouquíssimos episódios que fizeram parte da História do
Brasil, merecem referência igual a esta sobre a participação e a influência da
Guerra de Princesa para a eclosão da Revolução de 1930. O correlacionamento da
amizade de João Dantas com a guerra civil paraibana e o consequente crime da
Confeitaria Glória, atestam haver sido, o episódio bélico ocorrido em Princesa,
o estopim da Revolução de 1930. Como vimos demonstrando, ao longo das resenhas
aqui publicadas, está sim, o movimento rebelde de Princesa, intrinsecamente ligado
aos fatos que propiciaram o fim da República Velha.
Boris Fausto é
historiador e cientista político brasileiro. Nasceu em São Paulo em 8 de
dezembro de 1930, filho de imigrantes judeus. É graduado em mestrado, em
História e em Direito pela Universidade de São Paulo. É um dos maiores
escritores sobre a história política do Brasil no período republicano. Tem
vários livros publicados, sendo considerado o principal: A Revolução de 1930 – historiografia e história, publicado pela
primeira vez em 1970 e considerado um dos clássicos das ciências sociais
brasileiras. Aos 90 anos de idade, reside em São Paulo.
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