JOANA PEREIRA CARDOSO
RODRIGUES, mais
conhecida como “dona Juanita”, nasceu em Princesa, em 15 de julho de 1920 e era
filha do comerciante e funcionário público Manoel Cardoso da Silva e de dona
Porcina Pereira Cardoso. Pelo lado materno, era sobrinha do coronel José
Pereira Lima. Fez seus estudos primários no Grupo Escolar “Gama e Melo” e
formou-se professora pela Escola Normal “Monte Carmelo” em Princesa. Diplomada,
passou a lecionar na mesma escola em que estudou onde, além de professora foi
também Fiscal de Ensino. Foi diretora do Grupo Escolar “Gama e Melo”. Instalou,
nos anos 50, uma Escola de Datilografia, que funcionava em sua própria casa.
Casou-se com o comerciante do ramo de tecidos, Miguel Rodrigues Lima, com quem
teve os filhos: Ilo, Edi e José Alberto.
No entanto, um dos fatos mais importantes de sua vida
pública, foi tornar-se a primeira mulher (e única até hoje) a tornar-se
prefeita de Princesa. Em 1952, por motivo da impugnação de três urnas das
eleições para prefeito ocorridas no ano anterior - em que concorreram Zacarias
Sitônio para prefeito tendo o senhor Belarmino Medeiros como vice; contra o
doutor Severiano dos Santos Diniz, que teve como seu companheiro de chapa o
então vereador Benedito Florentino Lima -, a Justiça Eleitoral – por motivo de
denúncias impetradas pelos perdedores, alegando fraude nas eleições -,
determinou a realização de uma eleição complementar e, para tanto, afastou o
então prefeito Zacarias Sitônio do cargo, determinando também que todos os seus
substitutos legais fossem também afastados. Com isso, a então Secretária
Executiva da Prefeitura de Princesa, a senhora Juanita Cardoso, assumiu o cargo
de prefeita às 09 horas do dia 08 de novembro de 1952, ficando no cargo até o
dia 30 de novembro desse mesmo ano. Durante esse quase um mês de administração,
dona Juanita se transformou na primeira e única mulher a governar o município
de Princesa. Mesmo tendo sido, seu mandato, um curtíssimo período
administrativo, a sobrinha do coronel Zé Pereira deixou sua marca quando
construiu pequena ponte, em madeira, sobre o “Riacho do Meio”, que veio mais
tarde a ser substituída pela atual ponte construída em cimento armado.
Depois dessa experiência política, não mais participou, dona Juanita
Cardoso, da lide política, salvo quando seu esposo, Miguel Rodrigues Lima, se
candidatou a prefeito de Princesa em 1968, tendo sido derrotado, juntamente com
o senhor Joaquim Mariano, por Antônio Nominando Diniz. Juanita, que residiu
também por algum tempo na cidade do Recife, retornou a Princesa e ateve-se às
atividades do lar. Entendedora de estética, contribuía também nas ornamentações
dos altares da Igreja de Princesa e era, juntamente com Ada Barros, enfeitadora
dos andores das principais procissões religiosas.
Segundo o historiador princesense, Paulo Mariano, algumas das
composições, em paródias, que embalavam as campanhas eleitorais do partido pereirista em Princesa, a exemplo da que
reproduzimos abaixo, foram da lavra da ex-prefeita. Ela compunha e o maestro -
também princesense – Manoel Marrocos, quando não se tratava de paródias,
musicava. Não se pode duvidar dessa probabilidade, uma vez ser a esposa de
Miguel Rodrigues uma mulher, além de prendada, muito inteligente. Eis aqui um
dos hinos da campanha eleitoral de 1963:
Ai Nominando,
Estás perdido nesta eleição,
Fiques sabendo,
Que desta feita tu não ganhas não.
Cadê a tua coragem,
Com essa tua tremedeira,
Cadê a tua votação, Nominando!
Cadê o pessoal da Cachoeira?!
Juanita Cardoso faleceu em Princesa, já aos 99 anos de idade,
em 27 de setembro de 2019 e foi sepultada em sua terra natal. Pelo fato inédito
em Princesa (até hoje), de termos tido somente uma mulher a ascender ao cargo
maior da municipalidade, está Juanita Pereira Cardoso Rodrigues a merecer
figurar entre os princesenses ilustres.
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