JOSÉ ANTAS DA COSTA, mais conhecido por Zé Costa, nasceu
em Princesa, mais exatamente no Sítio “Escorregada”, às margens do riacho
Gravatá em 11 de julho de 1904. Era filho de Joaquim Alves da Costa e de dona Ana
Duarte. Seus pais eram agricultores e criadores de pequenos rebanhos de ovinos
e caprinos e de algumas reses. Zé Costa somente veio a ser alfabetizado já
adolescente. Casou-se com a professora Júlia Fernandes Costa, com quem adotou
três filhas: Nelúzia; Luzimar e Sandra Valentina. Desde criança, demonstrou
tendência para a música.
Ainda pequeno, ganhou de seu padrinho uma gaita de boca
(realejo) que vivia a tocar incessantemente. Mais tarde, foi presenteado pelo
pai com uma pequena sanfona. Já havia executado esse instrumento na Escola de Música
do maestro Joaquim Leandro, existente na cidade e demonstrava grande facilidade
em seu manuseio. Interessante observar que, desde cedo, Zé Costa se apresentava
tocando não somente forrós ou baiões (músicas próprias para aquele
instrumento), mas também, boleros, valsas, etc.
Conta-se que, quando da “Guerra de Princesa”, em 1930, o
nosso biografado fez parte de uma das colunas dos chamados “Libertadores de
Princesa”, participando ativamente das lutas ocorridas naquela rebelião. Logo
depois da Guerra de 30, Zé Costa saiu de Princesa para se livrar das
perseguições políticas dos novos mandantes e da polícia paraibana.
O Maestro
De volta à terra, depois de arrefecidos os ânimos e as
agruras da Guerra, Zé Costa, que durante o exílio, residindo e estudando nas
cidades de Cajazeiras; Patos; Sousa e Piancó, se tornou especialista em teoria
e prática musical, profissionalizou-se, e se tornou um ás na execução do
acordeom. Para melhor desempenho, adquiriu uma sanfona de última geração, o que
de mais moderno existia. Com esse instrumento ele se destacou como um executor
de primeiríssima qualidade, quando adotou a prática de tocar músicas eruditas,
clássicas. Executava a Nona Sinfonia de Beethoven com maestria. Logo se tornou
professor de música e ganhou o mundo. A essa altura, já havia se tornado
Maestro e uma referência no dedilhar da sanfona.
Segundo o pesquisador, Laurindo Antônio de Medeiros Neto: “Seu retorno surpreendeu a todos não só pela
agilidade e técnica como tocava choro, forró, baião, marchinhas, valsa, tangos,
mas, também, por ter aprendido teoria (tocava por partituras), era professor,
maestro regente de banda e tocava em rádios. Não cantava, era músico devoto
apenas ao instrumento. Compositor de praticamente todo seu repertório. Tinha
até carteira de músico profissional pelo Sindicato dos Músicos Profissionais do
Ceará”. Ainda segundo informações do pesquisador acima consignado, o
maestro Zé Costa chegou a se apresentar em grandes cidades, a exemplo do Rio de
janeiro (ainda Capital Federal); Brasília e Fortaleza. Fez apresentações também
na Rádio Globo do Rio de Janeiro e, nessas ocasiões fazia referências às suas
origens princesenses.
“CANHOTO DA PARAÍBA” EM PARCERIA COM
ZÉ COSTA: DOIS PRINCESENSES VIRTUOSES DA MÚSICA
O sanfoneiro erudito
Depois de passar por Fortaleza e pelo Rio de Janeiro, Zé
Costa foi para São Paulo, e lá, ficou conhecido como o sanfoneiro nordestino
que não tocava só forró, pois, como vimos antes, usava o acordeom como um
instrumento eclético e não restrito às tradições nordestinas de música. Fez-se
conhecido na capital paulista quando compôs e executou sua obra prima: Choro de Minha Terra. Era um
acordeonista diferente, porque erudito.
Extraído do livro do escritor princesense Paulo Mariano:
“Princesa, Antes e Depois de 30”, temos: “José
Costa nasceu no sítio Escorregada, localizado no município de Princesa.
Aprendeu música e dedicou-se ao acordeom. Bom músico, lia, escrevia partituras
musicais e compunha. Foi professor de música nas cidades de Patos e Sousa, na
Paraíba. Segundo seus admiradores, não foi sanfoneiro de forró; ele ficou entre
a canção popular e a música erudita, ‘Choro de Minha Terra’ é a música de sua
autoria mais conhecida”.
Zé Costa fez parcerias com os dois grandes músicos de Princesenses:
Francisco Soares de Araújo, o “Canhoto da Paraíba”, e o saxofonista Manoel
Marrocos. Ainda da lavra de Laurindo Antônio: “De nossa parte, registramos interessante a afirmação feita pelo
violonista pernambucano, Henrique Annes, após uma memorável apresentação no
Teatro Guarani (sic), na cidade de
Triunfo/PE, em janeiro de 2013. Após o concerto, dirigi-me a ele
parabenizando-o e informando que era princesense... ele interrompeu, e disse:
‘Princesa era a terra de Canhoto (sic),
era muito famoso; mas pra ser justo é preciso dizer que o grande músico de
Princesa não era o Chico, era o Zé Costa. Excelente acordeonista! Depois sim,
Chico veio pra Recife, desenvolveu-se mais e fez muito sucesso! ’”.
Saudades de Princesa
Em 1968, para matar saudades, José Costa veio visitar sua
terra natal. Muito amigo do artesão Joaquim Gomes, com quem sempre se
comunicava, promoveu, na casa deste um sarau do qual participaram vários
princesenses, dentre eles, Paulo Mariano; Manoel Tocador; Manoel Marrocos; Chico
Costa e outros amantes da boa música. Retornou a São Paulo onde se converteu à
fé protestante. Evangélico, passou a executar suas músicas somente nos cultos
religiosos. Acometido do mal diabetes, com o agravamento da doença, veio a falecer,
em 1976, aos 72 anos de idade, o nosso biografado, sanfoneiro princesense de
grandioso talento, “músico de acordes e melodias modernas”, compositor de
dezenas, há quem diga que até de centenas de músicas, compartilhadas com
colegas.
Infelizmente, nunca se preocupou com questões de direitos
autorais, queria mesmo era tocar e ver o povo dançar. Dada a situação de
anônimo para a maioria dos princesenses, se reveste de grande importância este
resgate histórico da vida profissional de um filho da terra, que bem representou
Princesa através de sua virtuosa arte. Atendendo propositura do então vereador
Rialtoan Araújo, a Câmara Municipal de Princesa aprovou um Projeto de Decreto Legislativo
dando o nome à Praça e ao Passeio do entorno do “Açude Ibiapina”, de “Praça
Sanfoneiro Zé Costa”. Em face de tudo o que representou para a cultura da nossa
terra, está o nosso grande acordeonista José Antas da Costa a merecer ser
inscrito na galeria dos princesenses ilustres.
·
Este trabalho teve a necessária e essencial colaboração do pesquisador
princesense Laurindo Antônio de Medeiros Neto, através de trabalho de sua
autoria sobre o nosso biografado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário