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quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

A renúncia da vice-prefeita de Itatuba

A renúncia, na política, é o ato mais abominável de todos. É uma traição ao voto de confiança recebido dos eleitores. Afinal, não temos conhecimento de alguém eleito, que foi candidato à revelia de sua própria vontade. Pelo contrário. É saber de todos que, a briga para conquistar uma vaga nas chapas que disputam cargos majoritários, é quase tão grande quanto a da campanha eleitoral propriamente dita. Eleito, o candidato tem um compromisso sério com aqueles que o conduziram ao cargo. Compromisso de exercer o mandato e de fazer direito. A renúncia, somente se justifica quando para atender a motivos superiores e justificáveis. 

Na última segunda-feira (20), a vice-prefeita de Itatuba/PB, Cristina Lacerda (sobrinha do ex-prefeito de Princesa, Gonzaga Bento), recém-eleita, após um desentendimento com o prefeito, renunciou ao cargo para o qual foi eleita. O motivo, conforme veiculado na imprensa, foi o não atendimento a um pleito da vice, junto ao prefeito, para cuidar de demandas da Saúde. Segundo Cristina, esse pleito era uma promessa de campanha. O não atendimento a esse pedido pode até justificar o protesto da vice, porém, não lhe dá o direito de pedir o boné e sair. Pelo contrário, aí é ela deveria ficar, no exercício de seu cargo, fazendo oposição ao prefeito muquirana e mostrar à população o seu compromisso.

Renúncias antológicas já aconteceram no Brasil. Quem não lembra da renúncia do presidente da República, Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, apenas sete meses após assumir o cargo? E quem não lembra qual foi o desenrolar desse nefasto episódio? A saída de Jânio alimentou o caldo de cultura do golpismo que já existia nas Forças Armadas, o que culminou com o golpe militar de 31 de março de 1964 e, o resto, da história, todos sabem. É claro que, em Itatuba, não acontecerá golpe algum. No entanto, com a saída da vice-prefeita, um ato de covardia, o prefeito vai navegar em céu de brigadeiro. O mandato não pertence ao eleito, mas sim aos eleitores os verdadeiros delegados do poder.



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