A renúncia, na política, é o ato mais abominável de todos. É
uma traição ao voto de confiança recebido dos eleitores. Afinal, não temos
conhecimento de alguém eleito, que foi candidato à revelia de sua própria
vontade. Pelo contrário. É saber de todos que, a briga para conquistar uma vaga
nas chapas que disputam cargos majoritários, é quase tão grande quanto a da
campanha eleitoral propriamente dita. Eleito, o candidato tem um compromisso
sério com aqueles que o conduziram ao cargo. Compromisso de exercer o mandato e
de fazer direito. A renúncia, somente se justifica quando para atender a
motivos superiores e justificáveis.
Na última segunda-feira (20), a vice-prefeita de Itatuba/PB,
Cristina Lacerda (sobrinha do ex-prefeito de Princesa, Gonzaga Bento),
recém-eleita, após um desentendimento com o prefeito, renunciou ao cargo para o
qual foi eleita. O motivo, conforme veiculado na imprensa, foi o não
atendimento a um pleito da vice, junto ao prefeito, para cuidar de demandas da
Saúde. Segundo Cristina, esse pleito era uma promessa de campanha. O não
atendimento a esse pedido pode até justificar o protesto da vice, porém, não
lhe dá o direito de pedir o boné e sair. Pelo contrário, aí é ela deveria ficar,
no exercício de seu cargo, fazendo oposição ao prefeito muquirana e mostrar à
população o seu compromisso.
Renúncias antológicas já aconteceram no Brasil. Quem não
lembra da renúncia do presidente da República, Jânio Quadros, em 25 de agosto
de 1961, apenas sete meses após assumir o cargo? E quem não lembra qual foi o
desenrolar desse nefasto episódio? A saída de Jânio alimentou o caldo de
cultura do golpismo que já existia nas Forças Armadas, o que culminou com o
golpe militar de 31 de março de 1964 e, o resto, da história, todos sabem. É
claro que, em Itatuba, não acontecerá golpe algum. No entanto, com a saída da
vice-prefeita, um ato de covardia, o prefeito vai navegar em céu de brigadeiro.
O mandato não pertence ao eleito, mas sim aos eleitores os verdadeiros
delegados do poder.
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