ODE

terça-feira, 9 de março de 2021

ATÉ QUE PONTO BOLSONARO BRIGARÁ COM TODOS OS ABISMOS SEM CAIR NUM DELES ? QUAL O MILAGRE ?




Milagres são fenômenos extraordinários que escapam do conhecimento racional.

Impossível pelas leis naturais, os milagres são obras  de Deus e não dos homens. 

Logo, Bolsonaro, na perspectiva política, não testa positivo para milagres.

Mas, por quê Bolsonaro, que cria  um mundão de problemas cabeludos e insolúveis, continua exercendo incólume a presidência do país ?

Isto não é algo fenomenal que desafia o senso comum ? Ou simplesmente não há mais senso comum no Brasil ?

De fato, não existe mais senso comum, por falta  de consenso. Só há agora senso incomum, derivado do dissenso. 

Bolsonaro se fez presidente pelos dissensos sociais, o inconformismo da população diante de um retumbante fracasso das classes dirigentes.

Fracasso, não ! Desastre de um modelo imoral de gestão que se retroalimentava nos poços da corrupção. 

Era uma cleptocracia desembestada que não percebia a ira  que se formava do outro lado do balcão.

Quem quer que parecesse diferente, logo diferente era e útil à reação. 

Em 2018, Bolsonaro não só  parecia diferente e descontente , mas parecia também brutalmente inimigo dos tidos inimigos da população.

Um Xerife em meio à multidão, Bolsonaro xerifou à gosto da revolta social e assumiu a liderança do que seria uma insurreição eleitoral permanente.

A revolta ainda continua como móvel psicológico contra um sistema de desmandos que pôs grande parte do povo de cócaras  ante corsários saqueadores.

Resumo da ópera : enquanto existirem rastros dos salteadores, Bolsonaro continua na Xerifatura. Ele é o escudo das vítimas.

É verdade que o Xerife tem um frenesi por  brigas, quedas de braço, desacatos, provocações, animosidades, arengas paroquiais, mas faz parte das  batalhas travadas nos esgotos e pântanos da república.

Tudo porque também é briguento, inciumado, desconfiado, traiçoeiro, calculista, alcovita, familiaresco, teimoso, renitente e messiânico.

Além do mais, o Xerife é MITOPATA , o que tem a sociopatia que acomete os mitos.

O presidente tem mania de grandeza e está construindo em volta do palácio uma coleção de crateras e abismos só para enterrar inimigos, muitos dos quais já respiram  por aparelhos.

É um exterminador do presente e do futuro que, contudo, não conta as valas que já abriu. Como a Covid, não sabe quantos  matou e quantos sobreviverão. E esse é o risco de tropeçar nos mortos e cair nas valas.

O Xerife faz que não ver que a pandemia como inimigo invisível está fazendo moradia exatamente onde abriu  seus buracos  e crateras, de onde montanhas de defuntos  assustam a vizinhança palaciana. 

E o povo, em pânico pela sobrevivência, pode achar que o mito cuida mais de seu palácio e de sua família do que dos ataques de outro vírus devastador - agora, letal, que fala pelo ranger  de cadáveres amontoados.


Gilvan Freira 

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