Nesses tempos da cultura do “politicamente correto”, quase
tudo está sendo revisto. Esse revisionismo atingiu, agora, uma forma de
divertimento que, ultimamente, se tornou por demais polêmica. É claro que a
convivência em sociedade traz sempre em seu bojo, situações polêmicas que
provocam avaliações distintas e, às vezes, até conflitos no meio dos interesses
diversos.
No último dia 26, a Câmara Municipal de Princesa, atendendo
propositura do Poder Executivo, aprovou, de forma intempestiva, um Projeto de
Lei que proíbe a queima de fogos de artifício no âmbito do município. Esse, é
sem dúvida um tema polêmico e, por isso, deveria ter sido exposto a um debate
mais amplo no seio da sociedade. Na minha opinião, essa proibição deveria ter
sido debatida, através de Audiência Pública, com a participação da sociedade.
A queima de fogos de artifício, nos tempos atuais, vem
suscitando questionamentos de alguns segmentos sociais, tais como o dos
defensores dos animais domésticos e o dos pais das crianças portadoras do
transtorno do espectro autista (TEA). É certo que a prática da solta de
foguetões – pelo barulho extremo – incomoda sobremaneira, tanto aos chamados
autistas quanto aos animais, como os cães, que têm uma acuidade auditiva muito
superior à dos humanos.
Tudo bem. Esses segmentos têm de ser ouvidos e respeitados em
suas peculiaridades. No entanto, a pura e simples proibição, de forma
intempestiva, prejudica também aos demais quando tolhe o exercício de uma
tradição cultural e folclórica já arraigada nos nossos costumes. Como ficam
agora os festejos juninos quando crianças se comprazem com a queimas de seus
foguetões? E a tradição folclórica dessa prática milenar?
Se tivesse havido uma discussão mais ampla sobre o tema, com
certeza encontraríamos um consenso para uma conciliação, na prática, que
atendesse aos vários interesses. Por que não um disciplinamento restringindo a
prática da solta de foguetões em situações especiais, previamente comunicadas,
mantendo uma distância necessária dos que sofrem com o incômodo, com aviso
prévio ou até mesmo com a providência da proteção necessária?
Ademais, como ficam os que sobrevivem da fabricação e da
comercialização dos fogos de artifício? Não estou aqui sendo somente contrário
à Lei recém-aprovada, mas questionando sobre se não haveria uma forma de
conciliar as duas coisas. Numa enquete veiculada por este Blog, a maioria da
população optou por aprovar a proibição. Em contrapartida, um terço da
população se postou contrária. Em face disso, fica evidente que seria de bom
alvitre uma discussão mais aprofundada sobre o tema.
Legislação pra inglês vê! Não será fiscalizada sua execução.
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